Já escrevi neste espaço sobre creches. E afirmei:
A falta de creches compromete o futuro das crianças
Nos últimos dias, a mídia noticiou os desafios da educação brasileira. Os dados revelam que um milhão e cem mil crianças não conseguem vagas nas creches e três milhões e oitocentos mil jovens e crianças estão fora da escola. As estatísticas são oficiais, mas, na realidade, o número de sem escolas deve ser muito maior. Em São Paulo, por exemplo, há cadastro de 174 mil crianças sem vagas nas creches. Além disso, muitas mães desistem de enfrentar as filas, pois sabem que não vão conseguir matricular seus filhos. Então, a falta de vagas deve ser perto do dobro. E assim vai Brasil a fora…
É urgente discorrer sobre o impacto da ausência de creches nas crianças e em suas famílias. Esse déficit retarda a socialização e o aprendizado da criança – preciosos anos educativos são perdidos. E mais, a demanda por creches públicas é de trabalhadores de baixa renda. As crianças ficam aos cuidados de terceiros ou de irmãos maiores e em muitos casos sofrem maus tratos e outros tipos de violência.
Sabemos que essas crianças são filhos de trabalhadores cujo salário é pago abaixo do valor da força de trabalho, o que provoca um conjunto de ausências de Direitos. Além da ausência forçada da escola, moram inapropriadamente os cuidados com a saúde são precários, os espaços para brincadeiras e lazer não existem e a alimentação também é inadequada. Esta situação é denominada, pelos especialistas, como carências multidimensionais. Diante disso, podemos afirmar que a ausência de creches se aproxima de consentido infanticídio, pois promove danos de difícil reparação na vida das crianças.
A situação atual decorre de 500 anos de aprofundamento da miséria social. Mas, o Ministro da Educação Aloizio Mercadante tem em suas mãos uma imensa empreitada: iniciar um grande processo de construção de creches.
O governo do Presidente Lula promoveu intenso avanço na educação, especialmente com a construção e o investimento nas universidades federais. Foi o Presidente Operário que mais construiu universidades públicas e abriu milhares de vagas no PROUNI – programa social que oferta bolsas de estudos em universidades particulares. Agora, o Governo Dilma poderá dar continuidade às políticas educacionais de Lula, priorizando a implantação de mais creches.
Listo algumas medidas:
Convocar os municípios e traçar um plano ousado para, em parceria com os entes, estabelecer um plano emergencial a fim de vencer esse desafio;
Ampliar a rede de convênios e, ao mesmo tempo, agilizar o processo de construção de creches públicas;
Traçar parceria com as associações de moradores e trabalhadores, ong’s, igrejas, e demais instituições que possam contribuir com essa questão, pois sem organização popular não há como sucumbir esse déficit.
Como bem disse o cantor Lenine: “A Vida não para, a vida é tão rara”