Estimulado pela volta do tema Cracolândia nos jornais, retomo o assunto. O desmonte dos barracos dos dependentes químicos da rua Dino Bueno utilizou uma boa metodologia e a disponibilização de moradia foi extremamente positiva. Entretanto, dada a complexidade da situação, a medida pode ter efeito efêmero caso não seja tenha o devido foco a médio e longo prazo. É necessário agir! A inércia do Poder Público é que deixou a situação chegar no cenário que vemos hoje.
O grande número de pessoas em situação de rua, vulneráveis socialmente, é imenso. Consumindo drogas ou não, estão nas grandes, médias e até pequenas cidades. Estas pessoas passam fome e têm sua civilidade violentada diuturnamente. Isso revela que a sociedade moderna está doente. Gravemente doente. A cura não se fará com palavras, improvisação ou com políticas públicas precárias. Pelo contrario, atitudes paliativas podem aprofundar a doença.

Nos últimos anos, a política de assistência social avançou, mas não o suficiente para enfrentar os atuais desafios. A complexidade da questão atual pede um passo à frente. Disponibilizar mais recursos e evoluir para implantar os Centros Integrados de Desenvolvimento Social e nos espaços combinar diversas ações. Entre elas:
– Atendimento socioassistencial, acolhimento, espaço para dormir, tomar refeições, retirar documentos. E de lá, encaminhar para o atendimento de acordo com a situação de cada um;
– Equipes e equipamentos de saúde específicos para o atendimento dessa população. Com tratamento para dependentes químicos, situações psiquiátricas e demais doenças;
– Atividades esportivas, culturais e de lazer para o fim específico, mas também como ação terapêutica;
– Apoio às famílias, por meio de outras políticas públicas como bolsa família, acesso à moradia, entre outras. Medidas de reinserção das pessoas nas famílias;
– Ação integrada com as comunidades organizadas e especialmente com as famílias dos atendidos entre outros.
A situação deste segmento social é complexa e necessita, urgentemente, de avanços. Sem isto, em pouco tempo o sistema socioassistencial poderá entrar em colapso. Reproduzo a seguir, uma frase habitual no meio jurídico:
“Suprima a causa, cessa o efeito”. Sem dúvidas, é a ação mais apropriada.