A matança se expande. É civis matando policiais e policiais matando civis! E no meio disso tudo, muitos a vida de muitos inocentes são ceifadas: de 10 a 15 pessoas por dia. Nestas circunstâncias, em São Paulo morre mais do que na guerra do Afeganistão.
É importante verificar as causas de tanta insanidade. O avanço da criminalidade ocorre em países como Brasil, México, Honduras, Haiti, Colômbia, onde a desigualdade social é massacrante. Milhões de pessoas não têm meios de sobrevivência, passam fome e todo tipo de humilhação que a violência econômica impõe. Entretanto, isso não ocorre em países em que o desequilíbrio social é controlado. Como em Cuba, por exemplo, Noruega, Suécia e Japão.
Já nos países como Brasil e Honduras, os homicídios são de 10 a 20 por 100 mil habitantes. Cuba, Noruega, Japão, atingem entre zero a três por 100 mil habitantes. Bem, mas como explicar a matança nos países de forte desigualdade social? Pelo que tudo indica, a não efetividade das leis e dos direitos das pessoas faz com que os agentes públicos se misturem com a contravenção e, assim, se forma o caldo perfeito da criminalidade. Mas, existe uma base econômica podre, que cria circunstâncias apropriadas para prosperar a criminalidade. Por exemplo, o salário é pago abaixo do valor da força de trabalho e não cobre as necessidades básicas do trabalhador. Esse é um tipo de violência que mata aos poucos os trabalhadores e suas famílias. Para garantir essa violência, aplica-se outra: o desemprego em massa.

Contingentes inteiros de famílias pobres não conseguem emprego. No Brasil, as famílias de renda per capita de até R$ 203,00 sofrem com taxa de desemprego de 33,1%. Para agravar esta situação, o poder público não cumpre suas obrigações. Não há creches, escolas, moradias são precárias, não há saneamento básico e nem praça de esportes.
Bem, esse conjunto de violência material traz para a superfície a criminalidade. A juventude pobre, sem nenhuma perspectiva no horizonte, é atraída pelo tráfico e pela contravenção.
Para superar este quadro dramático é preciso articular um conjunto de ações, levando políticas públicas articuladas para atacar as bases da violência econômica. Executar grande programa habitacional, com saneamento básico, escolas, praças de esportes, bibliotecas, inclusão digital, apoio alimentar. E junto dessas iniciativas, dar inicio a reformas estruturais que enfraqueça as bases da violência econômica.
Cabe aqui registrar versos de uma música sertaneja interpretada por Tião Carreiro e Pardinho que expressa muito bem o sentimento popular:
“Quem trabalha não tem nada,
enriquece quem tapeia,
pobre não ganha a demanda,
rico não vai pra cadeia.”
