O esgotamento do Lulismo

Não se faz omelete sem quebrar os ovos

Meses atrás li um artigo, acho que no blog do Luis Nassif, de Vladimir Safatle: tratava dos impasses do lulismo. Apontava certos aspectos desenvolvidos pelo PT nos últimos 10 anos de governo. Não tenho espaço aqui para falar dos aspectos apontados como: capitalismo de Estado; a constituição de uma nova classe média (bem que vale ressaltar: essa nova classe média, classe C, ganha menos que os pobres americanos: enquanto nos EUA, pobre é classificado como famílias que recebem pouco mais que R$ 3.000,00, no Brasil, a classe C tem renda média mensal de R$ 2.295,00); governo Dilma como continuidade do lulismo; bastasse seus limites etc. Mas, que na linha mestra do lulismo estava: 1) Proteção social; 2) Aumento do salário-mínimo; 3) Incentivo ao consumo; 4) BNDES financiando o empresariado nacional e internacional.

Na questão da ampliação da malha de proteção social, recuperação do poder de compra dos salários e outras políticas de favorecimento das classes sociais mais pobres, como educação, saúde, luz para todos, etc., o lulismo é bem-sucedido. Ocorre que isso precisa avançar mais. Entretanto, esbarra na falta de recursos. Isso porque os recursos públicos são drenados para uma espécie de CASTA social (uma minoria de pessoas, que domina o Judiciário, a mídia, os cargos públicos das administrações, e demais instituições do Estado e também laicas) existente no Brasil.

Tudo isso entrelaçado com o chamado empresariado. Que chupa improdutivamente os recursos públicos. São bilhões do BNDES, desoneração e que tais. São corruptos e corruptores irmanados. Chamados empresários que pegam recursos públicos para exportar pedras, ao invés de vender aço, ferro. Exportam soja in natura, não a processam para comercializar seus derivados. Vendem petróleo bruto e importam óleo, gasolina, Nafta. Gasta-se mais com as despesas das reservas internacionais do que com o Bolsa Família. Ganha-se bilhões com especulação financeira sem produzir bens sociais. Mais da metade dos gastos da União é com despesas financeiras, com pagamento dos juros que incidem sobre a dívida pública. Esse é o grande contraditório que o lulismo precisa romper. É um desafio que não é só do Lula ou Dilma, mas do PT e das forças progressistas.

A casta que apoiou a ditadura militar e que historicamente sempre dirigiu o Brasil continuará empurrando a maioria da população para as péssimas condições de vida — pois seus privilégios residem no infortúnio da população pobre. A continuar na mesma batida, a casta social dominante vai corroer o projeto de inclusão gradativa. A aliança do PT com essa casta, esgotou-se.

O desafio do lulismo é avançar com apoio e integrado com as aspirações populares. Trazer a população para a luta de implantar a tarifa zero dos transportes públicos com financiamento, por meio de onerosidade do consumo dos bens de luxo, ou reduzir as gorduchas aposentadorias, ou reduzir os altos salários da máquina pública. Não há como aceitar que um juiz ou promotor público receba salário 40 ou até 60 vezes mais que um professor, gari, pedreiro, serventes e demais trabalhadores.

Zerar a demanda de creches com taxação das grandes fortunas.

Baixar os preços dos alimentos com a reforma agrária, integrados com os projetos agroindustriais.

Taxar progressivamente os grandes proprietários de imóveis das áreas urbanas, seguindo a proposta do Imposto Progressivo sobre o tamanho e a quantidade de imóveis de um mesmo possuidor.

Tudo isto entre outras medidas com apoio e participação popular. O PT não pode achar, como faz na cidade de São Paulo, que vai realizar transformações, mantendo a metodologia de gestão tradicional e as mesmas pessoas no comando da máquina pública.

Apresentamos aqui novamente o velho Maquiavel, em o Príncipe: “Tem mais a temer das elites conspiradoras, do que das massas, por isso deve tentar formar uma aliança com o povo contra a aristocracia”.

Todos os avanços e transformações podem ser um sonho, mas os acontecimentos dos últimos dias, ou seja, a rua, está mandando um recado.

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